quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Operação de reintegração desaloja tupinambás de fazenda em Una, Ana Cristina Oliveira | Sucursal Itabuna

A Tarde
CIDADES

01/02/12

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã de terça-feira, 31, a reintegração de posse do Conjunto de Fazendas Acuípe, com cerca de 250 hectares, no município de Una, sul da Bahia.

A fazenda pertencente à empresa paulista Mineração e Participações Ventures Ltda e é ocupada há 3 anos e 10 meses por 23 famílias de índios tupinambás. A PF contou com 21 agentes fortemente armados e, segundo o delegado Fábrio Marques, que comandou a operação, houve um princípio de tumulto.

Dois índios foram retirados do grupo para averiguações. "Apreendemos três espingardas e procuramos saber com os dois de quem eram as armas e depois os liberamos", disse o delegado.

Os índios foram levados para a escola da Aldeia Tuicumã, a pouco mais de um km da fazenda reintegrada. Angelina Conceição dos Santos, de 33 anos, saiu com os nove filhos, mas estava muito preocupada, porque não pode recolher sua criação de galinhas. A PF garantiu que os índios poderiam recolher todos os pertences até o final da tarde.

O cacique adiantou que vai a Brasília para tratar dessas reintegrações de posse, sem a presença da Funai e do Ministério Público Federal. Segundo ele, as áreas no Acuípe são de preservação ambiental, e os projetos dessas empresas, que veem de fora, incluiriam exploração de areia, pondo em risco manguezais e áreas de restinga.

O representante da Funai em Ilhéus, Nicolas Melgaço dos Santos, está em Brasília e informou que essa área não estava na lista das propriedades retomadas e que a Procuradoria da República havia suspenso os processos de reintegração, porque já havia uma certa estabilidade do pessoal, que não teria para onde ir. Como a decisão é de 1a instância, Nicolas adiantou que a Funai vai recorrer à Justiça Federal, em Brasília, para reverter a decisão.

Coco e piaçava - Representante da Mineração e Participações Ventures Ltda, a advogada Cleusa Erudilho D'El-Rey, assinalou que tem informações sobre o que a empresa pretende implantar na área, que teria em torno de 250 hectares com piaçava e coco.

Segundo a advogada, assim que invadiram, os índios expulsaram os empregados da fazenda.

Durante esses anos de ocupação, pessoas que não seriam indígenas também invadiram a área e até teriam tentado vender lotes. Cleuza D'El-Rey afirmou que os antigos donos da fazenda teriam título de domínio das terras de quase 100 anos.

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