Escrito por Hundira Cunha
Mil famílias ameaçadas de despejo por conta da morosidade do INCRA nos processos de Reforma Agrária.
É fato, agricultura camponesa não é prioridade no projeto desenvolvimentista do Estado. Na última quinta-feira, 1º de setembro, cerca de duzentas pessoas do Movimento Sem Terra (MST) marcharam pelas ruas da cidade de Macarani, no sudoeste do estado da Bahia, e partiram para uma vigília em frente ao Fórum Sílvio Benício reivindicando celeridade no processo de assentamento de cerca de mil famílias que resistem na terra há quatro anos.
O processo começou com a ocupação das fazendas Ingazeira e Iramar e posteriormente a Fazenda Alegria, todas no município de Maiquinique, de propriedade da família de Pedro Cangussu, e ambas em situação de improdutividade. “Quando chegamos lá o que tinha era moita de Juá e hoje (após a ocupação) existe a mandioca, hortaliças, feijão, milho, batata, galinha, porco”, ressalta Wilson Evangelista Guimarães do acampamento filho da Terra.
No ano de 2009, cerca de 150 famílias foram despejadas e sofreram violência de pistoleiros. Porém, três dias após o despejo, o movimento reocupou a área e atualmente mil famílias estão distribuídas ao longo de cerca de cinco mil hectares de terra, divididos em quatro acampamentos (Filhos da Terra, Treze de Abril, Fidel Castro e o Abril Vermelho). O MST chegou a requerer uma audiência pública para discutir a criminalização da questão agrária nos municípios de Macarani e Maiquinique e ainda a importância da agricultura camponesa para a região, tendo em vista que até a ocupação das terras da família Cangussu, o que predominava era a pecuária com grandes extensões de terra utilizada apenas para pasto.
O pedido de uma audiência pública foi negado pela Ouvidoria Agrária do Estado, sendo realizada no dia 1º de setembro uma audiência de conciliação que intenciona, na verdade, efetivar a reintegração de posse das terras da família Cangussu e a saída “pacífica” do MST.
O governo do estado costuma reforçar a propaganda das Grandes Empresas quando enaltecem os pífios empregos gerados a altos custos sociais e ambientais. Porém, neste momento mais de mil famílias encontram-se na eminência de serem despejadas, mais de 3000 pessoas será desempregada e desabrigada, uma área de cerca de cinco mil hectares voltará a ser improdutiva. Com isso, os municípios de Macarani e Maiquinique voltarão a importar alimentos de outras regiões, com o conseqüente aumento de preços. Diante dessas ameaças, nota-se a total omissão do INCRA e do governo do Estado e, embora a reforma agrária não se encaixe na moldura dos ditames desenvolvimentistas, fica a certeza que se o campo não planta, a cidade não janta!!!
Fonte: http://www.cptba.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=673:se-o-campo-nao-planta-a-cidade-nao-janta&catid=8:noticias-recentes&Itemid=6
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